Municípios paulistas buscam atrair investimentos chineses para projetos

13/07/2017 - Valor Econômico

Em tempos de restrições fiscais, as prefeituras paulistas buscam na China uma opção para driblar a crise e injetar ânimo em suas economias. Gestores municipais e 200 empresários brasileiros se reúnem hoje com autoridades e investidores chineses para tentar encaminhar projetos que podem gerar negócios no curto e médio prazos. 

O município de São Paulo quer atrair investimentos para seu pacote de privatizações, mas outras cidades se movimentam para fazer negócios com os chineses. Fernandópolis, na região oeste do Estado, pretende oferecer benefícios fiscais e outras facilidades e atrair o capital chinês para a compra de uma usina de açúcar e a instalação de uma fábrica de leite em pó. 

Vizinho de Fernandópolis, Estrela d'Oeste incentiva o frigorífico local a exportar mais para a China, enquanto Campinas negocia a ampliação da BYD, indústria de baterias para carros elétricos, filial de uma multinacional chinesa. 

O secretário municipal de Desestatização e Parcerias de São Paulo, Wilson Poit, é categórico ao afirmar que "há muito interesse chinês" nas privatizações propostas pela prefeitura. Ele conta que "toda semana" recebe empresários chineses na prefeitura e que o prefeito João Doria (PSDB) viaja para a China dia 21 para negociações. 

"Eles estão interessados principalmente em projetos imobiliários. Estamos estruturando um fundo com os imóveis da prefeitura e isso está atraindo a atenção deles. Para o Anhembi, que será privatizado, há projeto de transformar em resort integrado com centro de convenções. Também conversamos sobre Interlagos e a Operação Urbana Jorubatuba. O mais interessante é que os chineses financiam os projetos", diz Poit. 

Situada perto das divisas com Mato Grosso e Minas Gerais num trecho de escoamento de commodities por onde passará a ferrovia Norte-Sul, Fernandópolis negocia com chineses há meses. No reencontro com potenciais investidores, o prefeito André Pessuto (DEM) tentará agarrá-los pelo estômago, ajudando na operação de venda de uma usina de açúcar e oferecendo incentivos para instalação de uma fábrica de leite em pó no distrito industrial que ficará pronto em 60 dias e será cedido gratuitamente a investidores. 

A prefeitura de Fernandópolis investe ainda na modernização de um entreposto de commodities da cidade que terá capacidade ampliada. "Hoje passam pelo entreposto de 80 a 100 caminhões de grãos por dia. Quando a Norte-Sul ficar pronta serão 800." 

Autoridades, investidores e empresários da cidade de Zhuhai, no sul da China, desembarcam hoje em São Paulo para a maior rodada de negócios com governos e empresas brasileiros em 2017. Promovido pela Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), o evento é mais um movimento da China na tentativa de ampliar sua participação em vários setores da economia global. 

Oscar Wei, assessor da CBCDE, diz que a crise política e a atividade fraca não espantam o capital chinês, que enxerga oportunidades no longo prazo e tem apoio estatal. Segundo ele, os chineses pretendem analisar oportunidades de compra de negócios ou fusões em setores definidos - imóveis, infraestrutura, agronegócio, startups, commodities, turismo e alimentação.


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