Mais dois hospitais são afetados pela crise financeira do estado

23/12/2015 - O Globo

Só pacientes com risco de morrer são atendidos no Saracuruna e no Getulio Vargas
   
POR RAFAEL NASCIMENTO 

Fechamento do Hospital Adão Pereira Nunes em Saracuruna - Pedro Teixeira / Agência O Globo


RIO - Um dia após o fechamento da emergência do Hospital da Mulher, em São João de Meriti, mais duas unidades estaduais foram gravemente afetadas pela crise financeira do estado. Uma das referências em saúde pública da Zona Norte, o Hospital Getulio Vargas (HGV), na Penha, lacrou as portas com tapumes. Um cartaz avisava que apenas pessoas com risco iminente de morte poderiam entrar. À noite, as placas de madeira foram retiradas, mas o atendimento restrito foi mantido. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) informou que o HGV enfrenta severa falta de medicamentos e material.

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Desde a madrugada desta terça-feira, quem chegava ao Hospital estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, em Duque de Caxias, também era orientado a buscar outro pronto atendimento. O local passou a receber apenas pacientes considerados muito graves. A paralisação foi decidida por funcionários, que estão com salários atrasados. De acordo com profissionais que pediram para não ser identificados, faltam medicamentos e material como luvas e seringas.

— Fecharam setores como ambulatórios, maternidade e pronto atendimento — reclamou uma enfermeira terceirizada. — Há pacientes precisando de cirurgia, mas faltam condições, principalmente na ortopedia.

Durante a madrugada, as entradas do hospital ficaram fechadas, e os casos graves entravam pela porta lateral. O enteado de 10 anos do aposentado Jorge Ferreira foi um dos que saíram do Saracuruna sem atendimento e com dores.

— Ele pode estar com o dedo do pé quebrado.

“ELES VIRARAM AS COSTAS”

Nervosa, a mãe do menino diz que procura atendimento desde domingo.

— É muito constrangedor para uma mãe recorrer a quem pode ajudar. Eles viraram as costas.

O mecânico Hugo de Araújo havia passado por um posto de saúde, tinha encaminhamento para o Saracuruna, e esperava ser avaliado por um otorrino. Mas sua ida ao hospital foi em vão:

— Disseram que o que tenho é normal. Estou com sangramentos pelo ouvido e pelo nariz.

Jéssica da Silva Martins também foi à unidade com a filha deficiente, de 1 ano e seis meses. A criança, que apresentava quadro de febre e vômito, foi atendida após três horas de espera:

— Eles não têm nem Dipirona.

Em nota, a prefeitura de Caxias disse que está mobilizada. Segundo o município, o Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, as duas UPAs da região e a Unidade do Pilar tiveram aumento de mais de 40% na demanda.

OS HOSPITAIS ESTADUAIS EM CRISE

Albert Schweitzer: Diretores registraram queixa na Polícia Civil sobre as dificuldades de manter a unidade em funcionamento. Só os casos gravíssimos estão sendo atendidos.

Getulio Vargas: Emergência chegou a ser fechada ontem com tapumes, retirados à noite. Apenas os pacientes com risco de morrer recebem atendimento. Garis estão ajudando na faxina da unidade.

Rocha Faria: Emergência só atende casos gravíssimos e parou de receber pacientes encaminhados por UPAs da região.

Hospital da Mulher: Emergência foi fechada anteontem. Funcionários se queixam de falta de pagamento e de más condições de trabalho.

Hemorio: Sofre com falta de insumos, como bolsas de armazenamento de sangue. Está sem pediatras em diversas equipes.

Rio Imagem: Funcionamento normal, mas já chegou a suspender atividades no dia 11 devido à falta de materiais básicos para exames.

Alberto Torres: Está com todos os leitos funcionando, mas, por falta de insumos, a situação é precária para pacientes.

Adão Pereira Nunes: Só estão atendendo casos mais graves na emergência. No último fim de semana, só havia um anestesista na unidade.

Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia: Sofre com a falta de insumos essenciais, como seringas e fitas adesivas.

Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro: Está com 14 vagas de CTI fechadas por falta de médicos. O Estado suspendeu a realização de novos concursos, diz o Cremerj.

Pedro Ernesto (Uerj): Equipes de terceirizados da limpeza ainda não tiveram vencimentos regularizados. A unidade teve greve de residentes.

Hospital São Francisco na Providência de Deus: A unidade está com o setor de transplantes prejudicado.

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