Chineses compram hidrelétricas no Brasil por R$ 1,75 bilhão

25/08/2015 - Folha de SP

Usina chinesa de Três Gargantas, na província de Hubei
Três Gargantas, China

Os chineses de Três Gargantas (China Three Gorges Brasil Energia) compraram as usinas hidrelétricas de Salto (GO) e Garibaldi (SC) da Triunfo, companhia de infraestrutura, por R$ 1,75 bilhão. O valor inclui a dívida de R$ 770 milhões. Caso algumas metas de desempenho sejam atingidas, a companhia chinesa pode pagar mais R$ 148,5 milhões à companhia.

Com o negócio, a companhia chinesa amplia sua atuação no setor elétrico, passando de 687 MW da capacidade instalada para 1.000 MW. Eles já têm participação em três usinas hidrelétricas e 11 parques eólicos.

A venda das usinas hidrelétricas ainda dependem da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e das autoridades regulatórias chinesas.

Em entrevista à Folha, Carlo Alberto Bottarelli, diretor-presidente da Triunfo, disse que o dinheiro da transação será usado para reduzir o endividamento da companhia para cerca de 3 vezes o Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, amortizações e depreciações). Hoje, essa relação é de 4,5 vezes.

Com a venda, a companhia praticamente sai do setor de energia. Continuará somente em Tijoá, onde é a concessionária responsável pela operação e manutenção da UHE Três Irmãos (SP).

Com esse fôlego, a empresa começa a dar retorno aos acionistas e pode se preparar para um passo maior, a compra da participação da UTC no aeroporto de Viracopos, em Campinas.

"É um projeto com grande potencial de crescimento e temos preferência na compra", disse Bottarelli. "Lá podemos construir quatro pistas sendo que três têm potencial para funcionar simultaneamente. Há espaço para expansão, disponibilidade e demanda para empreendimentos imobiliários nos arredores do aeroporto."

Para o presidente da Triunfo, não seria preciso endividar-se tanto para fazer esse movimento. "O compromisso com a venda das usinas hidrelétricas era usar os recursos para reduzir o endividamento [da controladora]", disse. "Uma possível compra da participação da UTC no aeroporto poderia ser feita de formas que pesam menos no balanço, como um fundo de investimento em participações."

A situação agora é mais confortável porque além de terem reduzido o endividamento, a empresa hoje conta com negócios que já dão receita e retorno, como a Concebra, concessionária que administra 1,1 mil quilômetros de rodovias que ligam Brasília (DF) a Betim (MG).

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